Publicado em 01 de abril de 2008
Não sou um patrono das artes.
Acho exposições chatíssimas, não tenho paciência pra ir em museus ver pinturas que não significam nada, não suporto assistir filmes “de arte” e não sou exatamente um fã de teatro.
Acho que sempre fui assim, mas se tivesse que escolher o momento exato em que percebi isso, definitivamente seria quando tinha 15 anos e fui ao teatro ver a peça de estréia de uma amiga. O espetáculo chamava-se “Não apresse o rio, ele corre sozinho”, e deve ter sido uma das piores coisas que já assisti em toda a minha vida… e olha que já vi muita coisa tosca!
Saí do teatro convencido de que jamais recuperaria aquelas duas horas perdidas. Desde então, só assisto espetáculos de humor. Podem ser apresentações de Jô Soares, Chico Anysio, Tom Cavalcante ou algum humorista local; ou peças escrachadas, como “A Bofetada”, “Novíssimo Recital da Poesia Baiana”, “Os Cafajestes”, “A Noviça Rebelde”, entre outros exemplos do bom teatro baiano. Eventualmente alguns artistas da Globo trazem suas peças até Salvador, mas raramente me dou ao trabalho de ir ao Teatro Castro Alves assistí-las.
Não pisava em um teatro há mais de um ano quando fui convidado a assistir a R$1,99. Escrito, dirigido, produzido e interpretado por Ricardo Castro, R$1,99 traz à tona a discussão sobre o valor da arte e a situação financeira do país com muito humor. Ricardo, que ainda acumula as funções de figurinista, cenógrafo, iluminador e sonoplasta, aborda assuntos como amor, sexo, política, justiça, família, dinheiro e poder. E ao fazer tudo isso leva a platéia às gargalhadas.
Adoro rir. Todos que me conhecem certamente já me ouviram gargalhar em mais de uma ocasião. Sou o tipo de pessoa que chama atenção em teatros e cinemas não apenas pelo tamanho avantajado que bloqueia a visão dos outros, mas também porque é impossível não ouvir as minhas risadas. Não importa o tamanho da sala ou a quantidade de gente no ambiente, se eu gargalho, todo mundo escuta. Quando fui assistir a R$1,99 sentei-me na última fila e fiquei observando a quantidade de pessoas que olhava para o fundo do teatro tentando descobrir de onde vinham aqueles urros guturais. Vinham de mim.
Para quem deseja se emocionar e rir muito, através de cenas que retratam o cotidiano do povo brasileiro, R$1,99 é, com certeza, o melhor remédio. Sucesso absoluto de público, a peça comemora nove anos de estrada e mais de 600.000 espectadores. O espetáculo já passou pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Natal, Maceió e agora está de volta à Salvador.
Nessa nova temporada do espetáculo, o ator Ricardo Castro achou por bem não gastar papel com divulgação. Resolveu fazê-la totalmente via internet e contando com a força da boa e velha propaganda boca a boca. A peça R$1,99 está em cartaz no teatro ACBEU até o fim de abril, aos sábados e domingos, a partir das 20 horas.
Passe essa informação pro seus amigos, assim a gente divulga cultura, não suja a cidade e ainda salva algumas árvores!
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