Crônicas Manauaras – Parte Final – A Natureza

Eduardo Sales Filho
@eduardo_sales

Publicado em 19 de agosto de 2008

Os amazonenses não usam os rios apenas para pescar e viajar, a relação existente ali é quase simbiótica. É impossível pensar na amazônia sem lembrar automaticamente dos seus rios. É impossível viver na amazônia sem ver seus rios. É impossível ir a amazônia e não ficar fascinado pelos seus rios. As pessoas vivem nos rios, pescam, se alimentam, lavam suas roupas, estudam, trabalham, fazem amor.

Fiz dois passeios de barco enquanto estive em Manaus. No primeiro deles fui até um hotel que fica no meio da floresta amazônica. Foram quatro horas de barco só para chegar, mas valeu a pena. Como a diária custa cerca de dois mil reais, é evidente que não fiquei hospedado por lá, a idéia era apenas conhecer o lugar.


Ariaú Towers, um hotel no meio da floresta

Desnecessário dizer que, com um preço salgado desses, a maioria esmagadora dos hóspedes era formada por turistas estrangeiros. Vi muitos japoneses, alemães, franceses e americanos. Ouvi algumas línguas que não reconheci, então fiquei na dúvida sobre a nacionalidade do restante, mas uma coisa é certa, os únicos brasileiros por lá éramos nós e os funcionários do hotel.

Além dos quartos tradicionais, este hotel trazia a possibilidade do hóspede ficar numa “casa na árvore”, mas não era uma casinha qualquer e sim uma suíte sensacional no nível dos melhores hotéis cinco estrelas do país. Quem fica hospedado lá acorda realmente no meio da floresta, vendo os macacos brincando nos galhos do lado de fora da sua janela. Passar a noite ali deve ser maravilhoso, mas um pouco assustador, afinal a gente nunca sabe que tipo de bicho vai encontrar quando abrir a porta pela manhã.


A “casa na árvore”

O outro passeio que fiz por lá foi até o encontro das águas. Porém, antes de chegar no ponto em que o Rio Negro e o Rio Solimões se encontram, o barco fez um pequeno desvio e nos levou para conhecer um igarapé. Segundo a Wikipédia a palavra igarapé “significa cursos de água amazônicos de primeira ou segunda ordem, braços estreitos de rios ou canais existentes em grande número na bacia amazônica, caracterizados por pouca profundidade, e por correrem quase no interior da mata.”


Passeio pelos Igarapés

A definição é precisa, mas não o bastante para explicar qual a sensação de estar atravessando a floresta amazônica num barquinho a motor enquanto árvores enormes cobrem completamente o sol. De vez em quando nosso barco parava e o guia começava a explicar alguma coisa sobre o lugar. Nesses momentos os ribeirinhos – de modo geral, crianças – surgiam em canoas trazendo seus “bichinhos de estimação” pros turistas tirarem fotos e esperando ganhar um troquinho com isso.


Os ribeirinhos e seus bichinhos de estimação

Foi ainda nos igarapés que finalmente vi uma vitória-régia e um jacaré em seu habitat natural. O bicho não tinha uma cara muito simpática, mas também não parecia se incomodar com a nossa presença na casa dele.


“Pra que essa boca tão grande, seu jacaré?”

Quando o passeio pelos igarapés chegou ao fim, era hora de partir para o encontro das águas. Nosso guia explicou cientificamente os diversos motivos que levam as águas do Rio Negro e do Rio Solimões a não se misturarem. São coisas como diferença de PH, temperatura e até mesmo velocidade entre os rios; mas depois que chegamos perto o bastante para ver este espetáculo da natureza, ninguém mais se importava com a ciência, todo mundo só queria tirar a maior quantidade possível de fotos.


Encontro das águas

Minha viagem para Manaus foi inesquecível. Adorei a amazônia e pretendo voltar lá para ver tudo aquilo que não consegui dessa vez e visitar novamente todos os lugares maravilhosos em que estive.

Valeu, Manaus. E até a próxima.

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Leia também:
Crônicas Manauaras – Parte I
Crônicas Manauaras – Parte II – A Gastronomia

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