Viva São João!
Publicado em 20 de junho de 2009
“Olha pro céu, meu amor, veja como ele está lindo! Olha pra aquele balão multicor…”. Pera lá, aquilo não é um balão, é um gordo com roupa de quadrilha!
Chegou a melhor época do ano (na minha humilde opinião). Viva São João! Viva o milho cozido! Viva a canjica! Viva a pamonha! Viva o bolo de 
aipim! Viva o Sonrisal! Viva a Magnésia Bisurada! Viva o Estomazil! Sou baiano e não me envergonho em dizer que preferia que houvesse dois “São Joões” ao invés de Carnaval. Seria São João de verão e de inverno. Moro no interior da Bahia, mais precisamente em Amargosa, cidade com fama de maior São João do Estado (obviamente não se compara a Caruaru ou Campina Grande), e falar sobre essa que é a maior festa do Nordeste brasileiro é muito natural e prazeroso pra mim.
Para o gordo a festa junina é super proveitosa. Primeiro, é claro, pela gastronomia maravilhosa com tudo que vem do milho (incluindo o próprio, assado ou cozido de acordo com o gosto do freguês). É bom sempre lembrar que devido às características regionais algumas dessas guloseimas mudam de nome de estado para estado.
Então, quando eu falo de canjica, me refiro àquele “mingau duro” feito com milho amarelo que fica parecendo um pudim (em alguns lugares chamam de curau). O que Lucio, Flávio e Conrad chamam de canjica, aqui se chama mungunzá e é feito com milho branco e coco (e é uma delícia!). Os bolos da época também são igualmente deliciosos, como o bolo de milho, bolo de aipim (ou macaxeira), bolo de carimã (ou puba – farinha obtida através da fermentação da mandioca), bolo Pé-de-moleque (comum em Pernambuco e que entre outras coisas tem até café e erva doce na massa) e Bolo Souza Leão (patrimônio de Pernambuco com seus exageros, como 18 gemas, 6 xícaras de chá de leite de coco e 356 calorias por fatia, dependendo da fatia; a minha tem umas 700).
Para quem bebe, a farra é com os licores. O mais tradicional é o de jenipapo (fruta comum nessa 
época do ano), mas tem uma infinidade de sabores, sendo os mais comuns de maracujá, passas e chocolate. Tem também os exóticos como o Gabriela (de cravo e canela), tamarindo, gengibre e cacau (se você pensava que cacau só servia pra fazer chocolate, é melhor rever seus princípios, meu amigo). Tem também os quentões, geralmente feitos com cachaça, gengibre, limão e especiarias (cravo e canela), mas com variações contendo laranja ou abacaxi e no sul, que é feito com vinho tinto suave quente.
Depois de se empanturrar e encher a cara, você já tem coragem (ou total falta de vergonha) para arriscar uns passos de forró adaptado a esse belo corpanzil, onde o “rala fivela” é substituído pelo “esfrega umbigo” e o “bate coxa” é inevitável e até conveniente, pois limita os movimentos e evita que a gente saia derrubando os casais em volta. Afinal de contas, magro também é gente e tem direito a seu espaço. Se você tem dois pés esquerdos e não dança nada, há sempre a opção da quadrilha, onde qualquer Zé Mané, por mais “junta dura” que seja, consegue balançar um pouquinho e se divertir de montão.
O friozinho da época vem a calhar ajudando a suar menos e vestir roupas que ocultam a pança, assim o gordinho fica sempre alinhado e charmoso, podendo procurar uma caipira pra poder chamegar. Para as moças, é época de acender vela pra Santo Antônio no dia 13 de junho ou judiar do bichinho colocando-o de cabeça para baixo dentro de um copo de pinga com uma fita vermelha amarrada (tadinho!). Tudo na esperança de arranjar um namorado.
Como não gostar do São João e de todo o mês de junho? Só temos motivos pra festejar e se você é do Sul ou Sudeste e está com água na boca, então pede férias pro patrão, pegue sua camisa xadrez, botas e chapéu de palha e venha pro Nordeste “vê” o que é bom! E a dieta? Ah, deixa pra depois de 29 de junho, dia de São Pedro.
É disso que sinto tanta falta, calor humano, maior aproximação. Um dia eu ainda volto a morar na Bahia, eu juro.
Banner do papo de gordo adicionado.
Viva os gordos deste país!
Seu papo está delicioso! Deu até vontade de provar estes bolos!
Tenho certeza de que com um nome desses "Dr Tapioca" nesse são joão deve ter feito a festa, ainda mais tendo a felicidade de morar em um interior festeiro como esse onde ainda se passa de casa em casa procurando saber "são joao passou por aqui?" fica dificil nao ganhar uns quilinho a mais nessta epoca do ao.
Parabens por esse espaço e saiba que estarei presente acompanhado as novidades dessa coluna.