Um gordo de raiz no spa – Dia 3… ou quase
Publicado em 21 de julho de 2009
Ô boca! Foi só eu falar que algo estava errado em ter fondue no jantar que me ferrei. Num estilo Desmond de ser, alterei meu destino retroativamente com a infeliz observação e recebi após o jantar um telefonema do médico que havia me atendido de manhã dizendo que só então ele havia percebido uma fissura no raio-x do meu braço. Resultado: Fui a um hospital, onde colocaram uma tala no meu braço (nas fotos, meu braço pré e pós tala). Agora, tenho que voltar para casa e ser engessado, me tornando um canhoto por 15 dias. Quem disse que spas não podem ser perigosos?
Mas não vim aqui para ficar me lamentando do braço, e sim para me lamentar da fome no spa. E o braço imobilizado, de certa forma, me permitiu observar as coisas de uma maneira diferente. Antes de mais nada, contudo, uma palavra sobre o fondue de ontem: Cenoura! Me senti o Pernalonga ao comer fondue com cenoura. A torradinha que deram era tão pequena que “complementei” com o legume. Depois de duas fatias, mandei a educação às favas e enfiei a colher na vasilha pra terminar com o queijo sem acompanhamentos.
Como dizia antes, assim que acordei hoje, decidi aproveitar meu último dia no spa para fazer observações pertinentes. Depois, desisti da ideia e resolvi ficar vendo os outros sofrerem um pouco. Comecei com a academia de ginástica. Impressionante como tem gente que acha isso melhor que caminhar na rua. Esquecem que, caminhando, você pode pegar um atalho e enrolar o professor ou andar num ritmo mais lento se quiser. Na esteira, ao contrário, você faz exatamente o que está programado. Sem contar que estar num aparelho com um gigantesco “botão vermelho de emergência” não deixa de ser assustador.
Outro argumento a favor das esteiras é que você pode ficar assistindo TV. Sinceramente, não vejo nenhuma vantagem em ficar vendo a Globo com uma propaganda de McDonald’s ou Bob’s a cada cinco minutos. Isso devia ser proibido! A não ser que a intenção seja fazer “cenoura de burro” com os gordinhos que vão tentar alcançar os hambúrgueres enquanto caminham. Ao menos para mim, prefiro ficar ouvindo podcasts no iPod. Inclusive, o Papo de Gordo sobre gastroplastia me estimulava a continuar caminhando para não precisar cortar meu amado estômago fora.
Mas nem só de academia vivem os gordos no spa. Ainda há a hidroginástica. Cheguei a fazer uma aula antes do acidente e tenho certeza que é um desperdício praticar exercícios numa piscina aquecida. Pô! Ela conclama ao relaxamento! Sem contar que professores de educação física são sádicos. Eles sempre ficam sorrindo do lado de fora da piscina mandando o pessoal repetir dentro d’água coisas que seriam impossíveis para gordos mesmo na gravidade da Lua. “Introdução ao Sadismo” deve ser disciplina básica nas faculdades, mas certamente “Sadismo Avançado” é a eletiva escolhida por quem trabalha em spas.
Nem massagens são relaxantes num spa. Já ouviu falar de drenagem linfática? Em tese, seria uma massagem com “movimentos suaves e gostosos que ajudam a varrer toxinas, a eliminar líquidos e a oxigenar a pele”, mas um gordo tem tanta toxina, líquido e pele que ser drenado é doloroso. Parece que estão empurrando toda a banha pelos poros, mas ela continua por lá depois. Na verdade, nem dá para ter certeza se tudo continua no lugar certo ou se a barriga caiu pra coxa, que subiu pro peito, que desceu pro braço, etc.
Bom… Agora é fazer o checkout com a nutricionista, bater papo com a psicóloga e ver o que me espera de volta ao mundo real. Novidades, amanhã por aqui e a qualquer momento via Twitter. Meu maior medo é saber como vou encarar o Burger King a partir de agora que descobri as vantagens de uma dieta saudável.
Acreditou? Nem eu…
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P.S.: Clique aqui para ler todos os textos da “série”.
Parabéns Lucio!
A sua estratégia para fugir do SPA foi praticamente perfeita!
Conseguiu ir ao spa e nao precisou ser torturado todos os dias :)
Genial, nunca pensei em um metodo tão incrivel de fugir do Spa ou "inferno dos gordos"
Nunca iria pra um lugar desses. Melhor morrer gordo.
[…] Crônica originalmente publicada em 21 de julho de 2009 no Papo de Gordo. […]