Publicado em 06 de agosto de 2009
Depois de ter sido brutalmente apedrejado e de ver minha família sendo ofendida pelas ruas de São Paulo após minha última participação no podcast Papo de Gordo (dizem que em Bauru, por exemplo, gritar “Flavio F. Soarez” na praça central é crime com pena de 3 meses a 1 ano de reclusão e sem direito a um certo sanduíche), fui fazer uma rápida pesquisa e, conforme eu desconfiava, o virado à paulista é, sim, um prato tradicional desta terra cinzenta e poluída.
De acordo com as fontes mais confiáveis (não estou falando da Wikipédia), o prato foi desenvolvido pelos bandeirantes durante suas longas expedições à capitania de São Vicente. Segundo os registros, eles plantavam o milho e o feijão durante a ida para que, na volta (e, parece piada, mas dizem que é dessa “volta” que vem o nome “virado”), tivessem com o que se alimentar.
Na sua forma mais pura, o prato nada mais é do que uma mistura de farinha de milho com feijão e algum tipo de carne frita.
E, sim — antes que comecem a cuspir em minhas crianças —, o prato é uma BOMBA (em maiúsculas mesmo) calórica. Mas, ainda assim é possível economizar algumas poucas calorias durante seu preparo.
A receita a seguir é a do preparo tradicional. Ao final dela, explico alguns truques que podem deixar o prato um pouco menos pesado na sua cinturinha de bailarino espanhol.
Sendo assim, chega de enrolar! Largue esse monte de pedras, clique aqui e vá se acalmar no fogão.
Virado à Paulista (6 porções)
Ingredientes: 1/2 quilo de feijão mulatinho ou carioquinha, 2 folhas de louro, 100 gramas de toucinho (ou bacon defumado) em cubinhos, 150 gramas de linguiça calabresa em tiras (cada gomo de linguiça rende, normalmente, 3 tiras), 1 maço de couve cortado bem fininho, 300 gramas de lombinho de porco, 1 cebola picada, 3 dentes de alho amassados, farinha de milho (grossa), cebolinha à gosto e 6 ovos.
Preparo: Cozinhe o feijão com um pouco de sal e as folhas de louro (para facilitar o cozimento, deixe de molho em uma bacia com água por 12 horas). Separe metade do feijão e bata no liquidificador com parte da água do cozimento. Misture tudo novamente e reserve.
Aqueça bastante (lembre-se da dica dada na receita de grelhados) numa panela antiaderente grande e doure o toucinho (ou bacon defumado). Retire o toucinho e reserve. Na gordura que ele soltou na panela, frite o lombinho (não esqueça de acrescentar um pouco de sal e pimenta), a linguiça e depois os ovos. Acrescente a cebola e o alho e deixe dourar. Em seguida adicione o feijão na mesma panela; misture bem e vá colocando a farinha até que a mistura fique com uma consistência pastosa (esse é o ponto; quase um mingau de feijão e farinha).
Coloque em uma cumbuca e polvilhe a cebolinha.
À parte, aqueça um fio mísero de azeite em uma frigideira, doure um dente de alho picado e refogue a couve.
Monte o prato com arroz branco, o virado de feijão, o lombinho, a linguiça, a couve e o ovo.
Poupando calorias
Definitivamente, esse é um prato que não tem muito o que economizar, mas sempre é possível dar uma driblada nos altos índices de gordura.
A primeira dica está no texto de introdução: em sua origem o prato era apenas a mistura do feijão com a farinha acompanhado de uma carne que pudesse ser frita (no nosso caso, o lombinho). Se você reduzir o prato a sua essência estará cortanto uma boa quantidade de calorias (mantendo o arroz e a couve como acompanhamentos).
Uma outra dica é descartar a capa de gordura do lombinho. Isso também diminuirá o valor calórico do prato.
Servir a couve picada e crua (eliminando assim o azeite da refoga) também é uma forma de diminuir o valor calórico (mas nem todos gostam de couve crua).
Não usar azeite (conforme o mostrado na receita), exceto para refogar a couve, também ajuda na redução do valor calórico.
Eliminar a linguiça ou o ovo também ajuda na redução.
Usar o ovo cozido picado em cima do prato no lugar dele frito, também é uma forma de diminuir o “peso” da receita.
Substituir a linguiça calabresa por uma fatia de presunto light grelhado também ajuda a baixar os valores calóricos.
Todos esses truques são válidos, mas não esqueça de que o virado à paulista é um prato absurdamente calórico criado por pessoas que caminhavam léguas todos os dias. Isso quer dizer que, por mais que sejam feitas substituições, o prato nunca será exatamente “light”. Portanto, se você vai encarar o danado, esteja preparado para compensar isso com preciosos minutos extras na esteira da academia ou só o prepare depois de ter atingido o peso pretendido com a última dieta (mas coma de forma consciente).
Flávio, morro de inveja do logan que tem vc como cozinheiro. Só me resta imprimir as receitas e me aventurar no fogão, né? Só de ler o post, sem ver a receita já dá água na boca. Um jeito super divertido de falar de receitas :D Adoro! Esse findi vou me aventurar fazendo esse virado à paulista, depois volto pra comentar como me sai. Bj
Sao Paulo pode ser poluido e cinzenta, mas de São Paulo que o mundo conhece os prazeres da vida, que aliás virado a paulista e outros pratos, sejam italianos, chineses, japoneses, e muitas outras culturas é daqui que o povo de outros lugarejos, longe ou perto apreciam e aprendem, e vão ensinar ( por sinal errado), aos seus conterrâneos, pois não se usa lombinho e sim bistequinha de porco. Meu comentário é esse SÃO PAULO é lindo, poluido, cinzento, cheio de bandidos, etc., e olhe não sou paulistano, sou do Rio de Janeiro, mas amo São Paulo. Tá.
Adorei. Deixo uma outra receita que espero que gostem: http://www.tudoreceitas.com/receita-de-virado-a-paulista-tradicional-1245.html