Publicado em 12 de agosto de 2009
Quando um gordo resolve praticar um esporte, costuma imaginar duas possibilidades básicas: sumô ou futebol (nesse caso, indo para fechar o gol, muitas vezes literalmente). Mas fica difícil decidir se é pior andar com uma sunguinha apertada se atracando com outro gordo também seminu ou levar várias boladas na cara, correndo o risco de terminar sem dente (ou até ser atingido em lugares piores!).
Mas nem tudo está perdido! Os gordos ainda terão vez no mundo esportivo! E não adianta citar Ronaldo e mais meia dúzia de jogadores acima do peso porque eles não são exemplos de gordos de raiz. Afinal, têm que treinar e passar por regimes. Claro que eles fogem dos treinos e os regimes não funcionam, mas não muda o fato de que isso faz parte teórica de seu dia a dia.
Vamos fazer um exercício (calma… é no sentido figurado) de imaginação. Há, por exemplo, um esporte para cegos chamado futebol de 5, que essencialmente é um grupo de jogadores que jogam futebol com uma bola que faz barulho (claro, ou eles não conseguiriam saber onde ela está). Também existem exemplos de esportes adaptados aos cadeirantes e amputados, como o vôlei sentado, que é igual ao vôlei tradicional, mas com a rede mais baixa e quadra menor, sendo que os jogadores (por motivo óbvios) ficam sentados na quadra.
Se esses esportes adaptados conseguem ser interessantes (eu os assisti no Parapan do Rio e garanto que são legais de ver – perca o preconceito e dê uma pesquisada sobre o assunto), por que não poderíamos também ter um gordobol?
Fundemos, pois, a Associação Brasileira de Gordobol, a Abgordo! Nosso esporte consistirá em uma quadra de 10m x 5m, com seis gordos de cada lado. Para a composição do time, o peso total deve estar obrigatoriamente entre 600 e 1.000 quilos, não se admitindo jogadores abaixo de 80 quilos em nenhuma hipótese. O uniforme será uma camisola bem larga, pra ficar confortável, bermudões, chinelo (quem sabe a Havaianas não nos patrocina?) e um babador.
No fundo da quadra, de cada lado, haverá uma churrasqueira móvel. Um dos jogadores, denominado “churrascante”, será responsável por preparar umas carnes bem caprichadas, enquanto que dois outros jogadores, chamados “chegapralá”, defenderão a produção de picanha e alcatra dos dois jogadores adversários responsáveis pelo ataque, os “abas”. O principal objetivo dos abas é catar a carne que acabou de ser feita e comê-la, evitando serem empurrados pelos chegapralá antes de atingirem o intento. Por fim, um jogador será o “capitão da cerva”, responsável por pegar umas cervejas no banco de reservas e distribuir pra galera.
Como ninguém é de ferro, os jogadores fazem rodízio de posições a cada cinco minutos, num total de meia hora cada um dos dois tempos. Pode haver até duas substituições por alcoolismo avançado ou dor de barriga iminente.
Vence a partida quem, ao final dos dois tempos, ainda tiver ao menos metade do time em pé e com alguma carne sobrando na churrasqueira. A quantidade de carne será definida no início da partida pelo árbitro, que deve ser vegetariano para não atacar a comida. A ele será dado o direito de vomitar de nojinho a cada quinze minutos, sendo substituído por um árbitro reserva nesse ínterim.
Outra possibilidade de vitória é se um time alcançar um teor alcoólico tão grande que mais da metade da equipe fique morgada num canto. A equipe adversária venceria, portanto, por W.O. (ou W.C., em alguns casos). Após o apito final e a conferência de quem conseguiu ter mais carne pronta, gostosa e suculenta, o time vencedor recebe o direito de devorar toda a produção de churrasco dos dois times.
E aí, quem quer montar um minitorneio?
Adorei e quero fazer parte do primeiro time!
Abraços
[…] Gordobol […]
[…] Crônica originalmente publicada em 12 de agosto de 2009 no Papo de Gordo. […]