Publicado em 15 de agosto de 2009
Outro dia fui chamado por amigos de escola para jogar um futebolzinho. Eu não neguei. Não jogava com eles há cerca de cinco anos e, além disso, eu adoro jogar o bom e velho futebol. Coloquei os tênis no porta-malas (vai que precisa), chamei uns dois mais chegados e lá fui eu.
Fui o último a chegar ao local e, com uma roda já escolhendo os times, fui recebido com as frases: “Tá gordinho, hein”, “Eita, e eu quem pensei que tava gordo!”, “Caraca, bicho, engordou demais!”, etc. Depois da ótima recepção, na qual ninguém perguntou como eu estava de vida, fiquei um tanto constrangido e pensando que iria ser um desastre em campo.
Foram formados três times e o meu ficou no aguardo da primeira partida. No banco de reservas, conversávamos sobre como iríamos jogar:
– E aí, PH, na frente ou atrás? – perguntou meu amigo Rômulo.
– Pode deixar a zaga comigo e com o Wagner.
– Tu acompanha a galera? – faltava a piada do Kelsen.
– Veremos!
Eu até entendo o motivo das provocações. Eu tenho 1,70m e peso 90kg. Entre os 15 e 18 anos, meu peso ficava entre 70kg e 75kg. Lutava taekwondo, jogava futsal na seleção do colégio, era capitão, marcador e dono do chute mais forte. Era esse a desconfiança num gordo que nem de longe parecia aquele moleque lá da adolescência deles. Uma coisa, porém, evoluiu: a inteligência.
Em dez minutos de espera pensei numa forma de como jogar sem dar vexame. Entramos em campo. Toques pra lá, pra cá, faço um lançamento lá de trás, Rômulo desvia de cabeça: 1 a 0 pro meu time. Logo em seguida acompanhei o pique de um magrinho. Com uma pequena cutucada, aliada a um quase invisível tostão no tornozelo (olha a experiência), roubei a bola, protegi e saí tocando com elegância. As desconfianças pareciam terminadas.
Não precisei correr tanto no jogo. Corri, lógico, mas dei uma de maestro. A bola chegava e, não importando como a mandassem, eu conseguia dominar. Amortecia-a tanto com a esquerda quanto com a direita. Via o jogo, distribuía, lançava, chutava. Só entrei duas vezes na área adversária. Meu time ganhou seis partidas. Acertei uma trave. Fiz três gols, todos de longe e de fora da área. Um deles, frangaço do goleiro, admito. Outro foi de um chute cruzado e o coroamento foi um golaço no angulo direito. Todos seguidos de festa. Aquela que não fizeram enquanto chegava atrasado.
Ao final do jogo não havia mais piadinhas. Eu realmente estava cansado, mas meus amigos, a maioria magros, estavam esbaforidos, como se estivessem longe do chão. O gordinho foi o maior vitorioso da noite. Foi para casa contente como se tivesse jogado futebol pela primeira vez.
Tudo bem que a fadiga muscular me pegou de jeito no dia seguinte. Mas aí eu já estava saboreando um belo rodízio de sushi com Coca-cola a gosto. Ah, sabe da nova? Já me ligaram.
Ótima coluna!
PH pra presidente já!
Tá até parecendo o Ronalducho, pow!
É aquela velha história, PH, quem soube uma vez, sabe sempre.
Só pode levar um tempinho pra relembrar!
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Sinto saudade das "peladas" que a gente jogana na rua fazendo do chinelo a trave… Bons tempos aqueles…
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PH,
fiquei aqui, "rodando o filme" – PH Em Um dia de Pelada ( pelada o futebol heim gente) , e achei o máximo :p . Mania que esse povo tem de pegar no nosso pé né! Só pq a gente gosta de comer bem!
Parabéns por dar conta do recado..rsss
Heheh.. vou dizer, futebol é algo escroto quando algum gordo tenta jogar, vide "Ronaldo", quando jovem me colocavam sempre no gol, porque acham que gordo diminui as possibilidades de passar a bola… BullShit!!!!…. E quando eu jogavam na linha, dava canelada nos carinhas, bicudas malucas com bolas nunca na direção do chute.. rsrsrs
Valeu, pelo texto… muito Bom.