Publicado em 14 de abril de 2010
Uma das instituições mais clássicas da família brasileira é o “tio gordo”. Comparado com figuras como a “sogra malvada” e o “cunhado chato”, o tio gordo é praticamente um alento. É aquele boa-praça do qual a gente sempre se lembra quando surge a ameaça das festinhas de família.
O tio gordo é aquele membro da família que, quando a gente é pequeno, ensina os meninos a fazer porcarias gosmentas a as meninas a… bem… a fazer porcarias gosmentas também, já que o repertório de ensinamentos não é tão vasto assim e toda criança gosta de guerrinha da catarro, cuspe vai-e-volta, arroto falso e essas coisas saudáveis.
O tio gordo também é aquele que sempre está disponível (embora nem sempre disposto, já que é gordo, pô) para brincar. Não tem cama elástica melhor que a barriga do tio gordo. Nem colo mais aconchegante (talvez o da mãe, mas shopping com praça de alimentação é concorrência desleal).
Pois bem. Eu sou um tio gordo. Hoje, 14 de abril, meu primeiro sobrinho está completando um ano de vida. E eu, como tio babão que sou, precisava falar do moleque.
Antes do Luiz Henrique nascer, meu conhecimento sobre “ser tio” se resumia às dezenas de crianças que estudam na escola em que trabalho. Praticamente sou “tio” desde que terminei o Ensino Médio (o que faz muito tempo e isso não vem ao caso). Mas ainda faltava ser tio “pra valer”, com uma criatura que compartilhasse 25% da minha carga genética (sim, ele está levando meus DNAs adiante, quer queira quer não).
Foi uma alegria quando minha irmã mais velha engravidou. Todos nós ficávamos babando em cima de sua barriga por aquele pequeno feto. Ela precisava usar guardanapo toda hora, era nojento, mas não tinha jeito. Primeiro filho, primeiro sobrinho e primeiro neto, tudo no mesmo pacote.
Daí, o moleque nasceu. Na madrugada de 14 de abril de 2009. Foi a primeira vez que eu pulei da cama morrendo de sono e não xinguei todo mundo. Na verdade, nem deu tempo. Minha irmã me ligou (meu cunhado ainda estava em estado de choque desde o rompimento da bolsa e ela que teve que organizar tudo) e eu pulei da cama direto para o carro. Acordei meus pais, liguei pra minha noiva, avisei até a cachorrinha. Meu sobrinho ia nascer.
E lá vem o garoto. Cara de joelho, pra variar. Mas era uma gracinha. As outras crianças eram todas horrorosas, mas a cara de joelho caía bem nele. Foram alguns meses com medo de segurá-lo e desmaiar, caindo em cima dele. Minha irmã não aceitaria um papelão de volta. Na dúvida, eu ficava sentado no sofá e alguém me entregava o bebezinho. Eu nem me movia.
Lá pelos três meses tudo ficou mais fácil. Ele ficou mais “durinho” e já dava pra segurar até pelo pé se fosse o caso. E aí começou a árdua tarefa do tio gordo. Não era trocar fralda (um orgulho do titio, por sinal, é que ele come um quilo e caga três em média), não era dar banho (na prática, ele que dá banho em todo mundo quando está na banheira) nem muito menos dar brinquedo (mesmo sendo o padrinho, criei em todo mundo o hábito de não esperar presentes de mim, embora eu não resista quando vejo algo pro moleque).
Minha maior tarefa era ensinar porcarias gosmentas! E venho cumprindo minhas obrigações com maestria. De cara, ensinei o Luiz a fazer barulhinho de pum com a boca. Para meu orgulho, ele evoluiu o procedimento por conta própria e só faz o barulhinho quando está cheio de baba, encharcando todo mundo. Só tenho que lembrar de orientá-lo que a validade para todos acharem isso bonito é até os dois anos, mais ou menos. Depois, é tapa na orelha.
E um novo gordinho ameaça surgir (já dizem que ele parece comigo, mas sei que é porque ele está uma “bolinha”). À medida em que ele vem crescendo, sua alimentação já passou da papinha e chegou ao biscoito Maizena e à sopinha (eca!). Já tentei dar cachorro-quente ao garoto, mas minha irmã faz marcação cerrada e garante que ele perde o tio se eu insistir em alimentá-lo com pedacinhos de Ruffles ou hambúrguer.
Mas minha tarefa não está finda. Ele tem apenas um ano de idade, afinal. Pretendo estar presente em seu primeiro Big Whooper. Faço questão de fotografar sua primeira pizza brotinho de calabresa com mostarda e catchup. Vou chorar quando ele virar pra mim e falar “Tio, faz pra mim um milk shake de Alpino“. Não tem como não ser um tio babão de uma criaturinha fofa assim, né?
E a vantagem dele ser meu sobrinho é que posso ficar só ensinando bobagem. Educá-lo é problema da mãe. Ah… O doce sabor da vingança fraterna…
Cara, não só o texto, mas a foto me remeteu a bons momentos de infância, Tio gordo eu tive com certeza, mas o que marcou mesmo foi a minha "Tia" gorda, que no meio da semana resolvia pegar a subrinhada, levava ao shopping, bancava cinema, pipoca, refrigerante, fliperama, e no fim do dia, uma verdadeira orgia alimentícia no Fast Food mais próximo (esse mesmo que você está pensando).
Quero um dia poder ser um Tio assim, e Lucio, parabéns ao seu sobrinho, e ae você que esta começando muito bem como Tio!
Abraço!
Lúcio, também sou "o tio gordo", só fico ensinando bobagem e fazendo os gostos de minha sobrinha.
Também passei pelos 3 meses de medo, morria de medo de machuca-la e me contentava em fazer carinho nela.
Minha "fofura" hoje tem exatos 1 ano e 45 dias e adora comer "porcarias", principalmente as guloseimas da minha geladeira :P
Ser tio é tudo de bom, parabéns pra ti e pro garotão ^^
Que engraçadinho com a coroinha do Burguer King…
Eu presenciei a 1a vez que uma priminha minha comeu açúcar. Até um ano mais ou menos a mãe nunca tinha dado, e em uma festa uma tia (viu? não fui eu) resolveu dar um mini pedaço de bolo. Depois ela parecia a bebê Grace (Já viram o filme Grace? É sobre uma linda bebezinha que só sobrevive se tomar sangue humano, é de terror)quando alguém se cortava perto dela. Até fazia um barulhinho de vontade.
Ser titio é muito bom, eu também tive medo de pegar a minha sobrinha quando ela nasceu, também levantei da cama, sai cantando música ruin de volume estrondante as 3 da madrugada nas avenidas de sorocaba rumo á clinica.
Ela nasceu, finalmente! ela ja ria pra caramba e dificilmente chorava…
Hoje ela está com quase 8 meses, uma gracinha, a coisa mais linda que Deus nos deu.
Belo Post, Lúcio, aproveite sua fase de titio! depois eles crescem e isso passa.
Até!
Coitado do filho do meu irmão o dia que ele for pai. Do jeito que "adoro" crianças, a instituição do tio gordo vai ser algo que ela não vai ter ¬¬
Po….to gravida de 6 meses (eu sou a gravida do acarajé…rs….lembra?)e minha tristeza é que sou filha unica e meu cunhado é magro, quieto, timido, cabisbaixo….ou seja….muito longe de um tio gordo…Pelo visto a Maria Luiza vai ter que se virar e preparar suas gosmentices sozinha….coitada….
Mas lendo teu texto sobre dar hotdog ao pequeno lembrei de uma historia….minha dignissima sogra me contou que quando o marido era bebe não parava de chorar um minuto sequer…ela de saco cheio deu uma mamadeira ENORME de leite de vaca com mucilon pro menino com 10 dias de vida!!!!! Não preciso dizer que meu pesadelo constante é a minha sogra corredo atras de mim com uma mamadeira ne????? rs
Por isso…pega leva com o menino!!!! Ele vai ter MUITOOOO tempo pra comer bobagem….rs
Beijo enorme pra ti e pra toda a equipe do PdG!!!!
Parabéns pro L Henrique por ter um tio babão!
E feliz aniversário também!
Pede pro teu titio te levar pra Sampa pra brincar com o Logan e com o Max!
Abração!
Você vai ser um bom pai @lucio_luis
Já tá querendo engordar o moleque?
Hahahaha… que texto perfeito Tio Lucio!!!! ^^
Com tanta gente querendo demais do menino, não é a toa que o Tio esta aí para a diversão, mesmo os pais não gostando!!! xD
Desde o começo do texto, fiquei imaginando o tio gordo que eu tive e de pensar tanto, resumi que tenho vários desses pois a família é grande e sempre brincalhona!
Eduque o garoto às coisas divertidas do mundo!!!
Baaaah, Tio Lucio, aproveita bem então essa fase de pequeno do guri…
Sabe o que isso me lembrou? Com a minha priminha Bia, eu dou uma de "Prima Gorda". Ela tinha só um aninho, mas em 3 dias eu ensinei ela a pôr a lingua pra todo mundo e, com o passar dos tempos, a dizer "Porque sim não é resposta!" pra todo mundo. É, eu não ensino tanta coisa errada assim, afinal vejo a guria pouco.
Eu queria ter tido um tio Gordo que nem tu…
Abração e continua ensinando só coisas construtivas pro guri!
[…] Todo mundo tem um tio gordo (Texto) […]
Respondendo a todo mundo: Ser o tio gordo é um estado de espírito, não necessariamente de pança :)
Quem acha que não se transformará num tio gordo, sugiro esperar olhar pela primeira vez o bebezinho recém-nascido e pegar no colo. Se, nesse momento, não se trasnformar num "tio gordo", é porque você não tem alma ;)))
Por fim, não quero tornar o moleque um gordinho, mas se ele gostar mais de alface do que de carne vermelha mal-passada sangrando, vou ficar frustrado… :P
Tb sou um tio gordo, e minhas 2 sobrinhas e mais um sobrinho me adoram, é piada pra cá, brincadeira pra lá… histórinhas que nem sabia que sabia contar. Meus irmãos e amigos que já tem filhos dizem que sou um playground ambulante. Não vejo a hora de ter o meu, mas isto se torna mais distante a cada dia que vejo a cada de cansado deles.
PS: Muito bom este texto, me fez sentir homenageado.
Caramba! Não vejo a hora de me torna o tio legal/nerd/gordo que vai levar o sobrinho(a) para o parque de diversão, depois passar na McDonalds e dar presentes legais no aniversário.
O problema é: Minha irmã e meu irmão nem pensam em filhos agora. Então é torcer para o anticoncepcional falhe. hahahah
[…] Crônica originalmente publicada em 14 de abril de 2010 no Papo de Gordo. […]