Publicado em 26 de maio de 2010
(lotado de spoilers, tô avisando!)
O último episódio de Lost foi ao ar no domingo nos EUA e ontem no Brasil (na verdade, a maioria dos brasileiros já havia visto na segunda, mas não vem ao caso). Muito já se escreveu sobre o assunto nesses poucos dias (recomendo os textos da Mafalda e da Vana Medeiros), então não vou discorrer sobre a poesia e espiritualidade do final.
Também não vou falar sobre os que reclamam das perguntas sem respostas ou de quem ficou irritado por não entender o que aconteceu. Se alguma pessoa prefere ficar preso a convicções sobre como seria o final “perfeito” e, com isso, reclamar de como Lost acabou, é um direito que lhe assiste. Prefiro ficar do lado de quem relaxou e simplesmente curtiu o final e, consequentemente, a série.
Pra mim, o final de Lost funcionou muito bem e ficou claro que ele termina com o Hurley sendo o novo protetor da ilha. O flash-sideway é praticamente um epílogo que foi apresentado em paralelo à série. Uma maneira diferente de reunir todos os atores principais (num estilo “final de novela”, mas que funciona) e mostrar que todas as mortes não foram em vão e nem condenaram ninguém ao “Inferno”.
Ao final, todos se reuniram com a Luz que é a força da ilha. Alguns, como Ben Linus, ficaram pra trás para poder continuar se redimindo. Já os demais, foram juntos em direção a essa Luz. Mesmo que a pessoa tenha morrido alguns anos antes ou vários anos depois da “data cronológica” do fim da série, todos se encontraram naquele momento “fora do tempo”, mas dentro da mesma figura mental que eles faziam do período mais importante de suas vidas.
O final só não foi mais triste que o último episódio da Família Dinossauros (sério!), mas deu pra chorar que nem menininha. Não tão vergonhosamente quanto o Dudu, mas deu pra chorar. Mesmo sabendo que tudo que aconteceu foi real, que aquele era apenas o momento final da vida, o que chega pra todo mundo mais cedo ou mais tarde, e que eles estavam se “libertando” das amarras do passado para alcançar a paz eterna, ainda assim foi emocionante.
Pra que não iria discorrer sobre a poesia e espiritualidade do final, até que fui mal…
Mas vamos justificar o título dessa coluna e falar da redenção do gordinho perdido: Hurley. Nosso amigo Hugo Reyes, o mais improvável herói da série. Sua capacidade de pensar mais nos outros sempre esteve clara. Desde quando bolou a ideia do campo de golfe lá na primeira temporada e, com isso, ajudou todo mundo a relaxar um pouquinho entre um susto e outro provocado pelo monstro de fumaça e pelos Outros.
Hurley sempre foi a voz dos telespectadores e o personagem mais centrado. Comilão, tudo bem, mas qual gordo nunca sonhou em ter comida caindo do céu? Literalmente, no caso dele. Até arrumou uma loirinha pra dar uns pegas (mas, um tanto azarado, só conseguiu fazê-lo no além-vida).
E quando todos apostavam que a reviravolta do episódio final seria Jack entregando a proteção da ilha para Sawyer (afinal, um anti-herói com todos os predicados de um herói), quem acabou assumindo a bagaça foi exatamente o gordinho boa-praça. Tão boa-praça que foi capaz de fechar com chave a ouro a redenção de Ben, o mais amado vilão da série, com uma atitude simples e condizente com seu caráter: ofereceu a ele a chance de ajudá-lo a cuidar da ilha. O que Ben sempre desejou que Jacob fizesse.
O sacrifício de Jack foi perfeito, o desespero de Desmond ao perceber que se iludiu ao acreditar que o flash-sideway era outra realidade foi fantástico, a fuga de Kate e companhia no avião foi ótima (tanto que nem me importo em saber o que aconteceu quando eles voltaram à “civilização”)… Mas o marco da série, o final definitivo, foi Hurley assumindo o posto de guardião da ilha e, com isso, abrindo uma nova era, já que, nas palavras de Ben, as coisas antes aconteciam do “jeito do Jacob” e agora seriam do jeito do gordinho perdido. Um jeito muito melhor, com certeza.
Everybody loves Hugo! E o gordinho se deu bem no final!
Pra variar…
Dudu chorando por causa de Lost é muito engraçado :)
Que nada. O ponto alto do episódio foi o Milles consertando o avião com silver tape. xD
Eu não gostei do final novelesco de Lost, só gostei do cãozinho e do Hurley ficando como guardião. Desde que eu soube dos candidatos pensei que tinha que ser ele. Em vez de aterrorizados e assassinados, os náufragos e sobreviventes de desastres aéreos seriam recebidos na ilha com um luau e comidinhas.
Sobre o final de Lost, bem, "dane-se Flanders". A muito a serie tinha se perdido, ficou arrasta e durou muito mais do que deveria.
Agora o que queria falar é, porque nunca lançaram o box de familia dinossauro? Com certeza iria comprar.
Ótimo post! Concordo com tudo e na verdade até entendi melhor o final após ler. Valeu Lúcio!