Publicado em 31 de agosto de 2010
Quando começamos a organizar a lista dos 50 maiores gordos dos quadrinhos, uma coisa estava clara: Os personagens deveriam representar o “universo gordo” de alguma maneira. O simples fato de ser gordo não qualificaria ninguém.
Por essa mesma razão, há personagens que, no contexto geral dos quadrinhos, são muito importantes, mas acabaram ficando atrás de coadjuvantes aparentemente pouco expressivos. É necessário, portanto, ter em mente que o que estava em jogo não era única e simplesmente a “qualidade” do personagem, mas também sua “gordice”.
Portanto, merece ser citado com destaque aquele que foi eleito como o 15º maior gordo dos quadrinhos: o Capitão, da série Os sobrinhos do Capitão, simplesmente a mais antiga tirinha em quadrinhos ainda publicada (desde 1897, ininterruptamente!). Desconhecida da boa parte dos brasileiros, a série é protagonizada por dois meninos que são praticamente o capeta encarnado (no caso, dois capetas) e que vivem pregando peças em cima do coitado do Capitão (que não é tio deles; a tradução nacional que inventou esse “parentesco”).
Por sinal, não apenas o Capitão é gordo como todos os personagens da tirinha também são. Os moleques Hans e Fritz, a Mama Chucrutz, dona da pensão onde eles moram, e o Coronel, outro que sofre com as travessuras das pestes… todos têm seus quilinhos a mais.
As tiras cômicas costumam sempre trazer gordos, especialmente como alvo de piadas. Afinal, como as histórias são muito rápidas e precisam passar as informações ao leitor com poucas imagens, os estereótipos são muito utilizados. Um ótimo exemplo é o Dudu, amigo do Popeye, que é o típico gordo preguiçoso e malandro que quer sempre ganhar um troco à custa dos outros (de preferência para comer hambúrgueres).
Porém, mesmo quando trabalhamos com estereótipos, eles podem ser bem variados. Um exemplo de personalidade de certa forma oposta à do Dudu é o Sargento Tainha (13º lugar), nêmesis do preguiçoso recruta Zero. Ao contário da tranquilidade do amigo do marinheiro, o sargento vive irritado e sempre está disposto a distribuir uns bons tabefes. Só fica dócil quando está diante de comida, claro.
Além das tiras cômicas, temos vários representantes dos gordinhos nos gibis de super-heróis. Por sinal, mais de um terço do “top 50” é formado por heróis, vilões e coadjuvantes dos comics. O mais bem colocado entre eles é o Rei do Crime (6º lugar), o mais poderoso gângster do Universo Marvel. Ele ainda tem a vantagem de poder dizer que sua barriga, na verdade, é músculo. Afinal, realmente é! Nessas viagens na maionese dos roteiristas norte-americanos, ficou “oficializado” que ele só tem 2% de gordura, possuindo quase 160 quilos de puro músculo (mal trabalhado, aparentemente).
No ramo dos super-heróis, vale também citar o Coruja (10º lugar), de Watchmen. Resumindo bastante, ele começa a série como um super-herói que se aposentou e, consequentemente, acabou engordando um pouco. Ser gordo, portanto, foi parte fundamental da construção do personagem frustrado que dá a volta por cima nessa obra-prima dos quadrinhos. Curiosamente, o Besouro Azul (12º lugar), que serviu de inspiração para o Coruja, também passou um bom tempo com uma pança de dar inveja, tendo essa característica sido usada especialmente para o humor (até que a DC Comics resolveu que todos heróis tinham que ser sérios e mataram o pobre Besouro numa das várias megassagas anuais).
Não é possível citar todos os personagens do “top 50” para não nos alongarmos demais (em outras palavras, pra não ficar chato pacas). Porém, há três personagens que merecem um comentário final, já que apresentam a gordura de maneira mais natural, humana até. Não por acaso, esses três personagens são mulheres (que, a final de contas, são as que mais penam com os “quilinhos a mais” diante da sociedade).
Para começar, temos Francine (14º lugar), uma das protagonistas da série Estranhos no Paraíso (que foi publicada muito esporadicamente no Brasil). Ela tem uma péssima autoimagem e come muito para se aliviar das frustrações. Logicamente engorda bastante, passando por alguns “efeitos sanfona”. Durante a série, ela muda bastante suas atitudes diante do mundo, o que acaba refletindo em seu peso. Mais ou menos como acontece no mundo real com a maioria das mulheres.
Também devemos citar Maggie Chascarillo (30º lugar), da HQ alternativa Love & Rockets (não publicada no Brasil). Ela merece destaque porque, além de ser uma gordinha muito bem resolvida e sexy, começou na série como magra, engordando durante as histórias de maneira natural e, mais importante, encarando isso de forma tranquila.
Por fim, temos Tamara Boula (48º lugar), protagonista de uma série infanto-juvenil franco-belga que leva seu nome (e que, adivinhe!, não é publicada no Brasil). Tamara é uma adolescente gorda, cheia de complexos e um tanto mal humorada, mas que corre atrás do que quer e consegue até namorar o garoto mais desejado da escola. Uma boa lição para os adolescentes, especialmente porque as histórias são muito bem humoradas e não possuem falsos moralismos (algo típico dos quadrinhos europeus, mas que não costumamos ver muito no mainstream norte-americano).
A intenção desse post foi dar uma visão geral dos maiores gordos dos quadrinhos e priorizar a apresentação daqueles que são menos conhecidos no Brasil. Amanhã, teremos um texto sobre os representantes brasileiros da lista e, depois, matérias especiais sobre cada um dos “top 5”. Fique atento!
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Para conhecer melhor alguns personagens:
Demolidor: A queda de Murdock (uma das mehores histórias com o Rei do Crime) |
Os bastidores de Watchmen (tudo sobre uma das maiores HQs de todos os tempos) |
Estranhos no Paraíso: Sonho com você 1 (uma boa introdução ao universo da série Strangers in Paradise) |
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Clique aqui e confira todas as matérias sobre os 50 maiores gordos dos quadrinhos.
Eu queria saber como o Lucio descobre essas coisas e esses personagens! Tá, ser profº tem lá suas vantagens para pesquisar sobre tudo mas, Tamara Boula?!?!!?
Sobrinhos do Capitão eu já tinha visto uma ou duas histórias. E desenterrar Besouro Azul…. haahaha
Ótimo texto!
Parabéns a equipe papo de gordo. Interesante a pesquisa a cerca dos 50 gordos das Hqs. Amei. tenho vaga lembranças
e esta leitura me fez lembrar da minha infância.