Os 50 maiores gordos dos quadrinhos: Hagar, o horrível

Lucio Luiz
@lucioluiz

Publicado em 03 de setembro de 2010

Depois de falarmos de um gato comilão, é hora de viajarmos no tempo para a era dos vikings a fim de encontrar o quarto colocado entre os 50 maiores gordos dos quadrinhos: Hagar, o horrível!

Tudo bem que, de horrível, Hagar só tem sua aversão a banhos (um por ano e olhe lá). No fundo, embora trabalhe com saques e pilhagens e sua ferramenta de trabalho seja uma espada, ele é boa gente. Tão barbudo e feio quanto, mas também igualmente simpático, era seu criador, Dik Browne. Um bom pai de família, Browne já trabalhava como cartunista há algum tempo quando, em 1973, quebrando a cabeça para criar um personagem de HQs para tentar faturar um dinheiro melhor do que o que conseguia com os cartuns, resolveu rascunhar um guerreiro viking. Acabou criando um gordo barbudo, com um escudo amassado e vestindo uma pele de urso amarrotada. Nascia Hagar!

Não apenas o personagem era parecido com ele fisicamente (embora Browne negasse a semelhança), como tudo o mais tinha uma origem familiar. O nome do viking, por exemplo, veio da frase que seu filho mais novo gritava quando Browne chegava dando bronca na criançada: “Corram, aí vem Hagar, o horrível”. Sua própria experiência de pai de família ajudou na composição dos principais coadjuvantes: a esposa Helga (que, na prática, é quem realmente manda), seu filho Hamlet (estudioso e sensível, uma vergonha para qualquer viking) e sua filha Honi (uma adolescente doida pra virar guerreira que nem o pai).

Diante disso tudo, podemos afirmar sem sombra de dúvidas que Hagar merece estar em quarto lugar entre os maiores gordos dos quadrinhos. Afinal, além de comilão, preguiçoso e mal humorado, ele é um bom pai de família e um bom amigo (ao menos em sua própria visão sobre essas questões, claro). Essa mistura de elementos fez com que ele fosse um sucesso logo de cara. Mais de 200 jornais contrataram as tirinhas antes mesma da estreia e Dik Browne conseguiu a estabilidade financeira que tanto almejava.

As tirinhas de Hagar se apoiam em alguns conceitos básicos e várias piadas recorrentes. Hagar pode estar fugindo dos cobradores de impostos, escapando da marcação cerrada de Helga, isolado em uma minúscula ilha deserta, à beira de um abismo rodeado de inimigos… Algumas vezes as histórias até beiram o nonsense, com situações insólitas ou monstros bizarros, tudo com a intenção de fazer graça. Sua caracterização como um viking gordo só reforça sua personalidade, pois mistura os estereótipos mais comuns (comilão, preguiçoso e não muito inteligente) com características marcantes como o mal humor e a violência (embora não explícita, ela existe, afinal Hagar não deixa de ser um viking que sai por aí saqueando castelos – mesmo que às vezes só para fazer as compras do mês ou arrumar um vestido novo para a esposa).

Contudo, apesar de ter uma margem muito grande para histórias longas (já que seu “universo” não se limita a um único ambiente ou estilo de piada), Hagar teve poucas experiências no formato de gibi (parte delas, compilações de tirinhas reorganizadas para se tornarem uma história contínua). Também teve uma única experiência em animação, com um especial de meia hora lançado em 1989. Não podemos também esquecer de um filme em live action que nunca foi feito e vem sendo prometido há anos.

Dik Browne se aposentou em 1988, morrendo um ano depois. Atualmente, as tirinhas são responsabilidade de seu filho, Chris Browne. As tirinhas são publicadas em 1.900 jornais do mundo inteiro e o personagem tem uma boa carreira de merchadisign. Ainda assim, faz falta vermos o personagem num caprichado álbum (ou graphic novel) em que ele seja melhor trabalhado do que no espaço curto das tiras diárias. Não é nada que desmereça o personagem, apenas algo que provavelmente o abrilhantaria mais. O pouco que existe (com praticamente nada publicado no Brasil, por sinal), já demonstra que há espaço para ele seguir por esse caminho.

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Para conhecer melhor o personagem:


O melhor de Hagar, o horrível
volume 1

O melhor de Hagar, o horrível
volume 2

O melhor de Hagar, o horrível
volume 6

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Clique aqui e confira todas as matérias sobre os 50 maiores gordos dos quadrinhos.

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4 respostas para “Os 50 maiores gordos dos quadrinhos: Hagar, o horrível”

  1. Pedro Bouça disse:

    Mas existe pelo menos um álbum longo do Hagar!

    A L&PM publicou anos atrás vários álbuns do Hagar (álbuns, não os pockets atuais!) e ao menos um deles tinha uma história completa, este aqui: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-151068443-

    (Sorry, não achei outra referência.)

    A L&PM também publicou um chamado Hamlet Vai à Luta que eu não tenho e não sei se é uma história ou uma compilação de tiras.

    Hunter (Pedro Bouça)

  2. Lucio Luiz disse:

    Hunter,

    Eu escrevi que teve poucas experiências no formato gibi (ou álbum). Ou seja, teve algumas, apenas não as citei nominalmente ;)

    PS: O "Hamlet vai à luta" eu tenho e é bem divertido. É uma história contínua, mas que tem um espírito de tirinhas costuradas (piadas rápidas de tantos em tantos quadros).

  3. Pedro Bouça disse:

    Um dia desses eu tinha de arrumar esse álbum…

    Aliás, recebeu meu mail com a tirinha do Dudu?

    Hunter (Pedro Bouça)

  4. Lucio Luiz disse:

    Hunter,

    Recebi. Muito bom. Vou arrumar um jeito de usá-la :)

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