Gordices em Santiago

Lucio Luiz
@lucioluiz

Publicado em 03 de fevereiro de 2011

Gordo de Raiz, por Lucio Luiz

¡Ay, caramba! Lua-de-mel em Santiago por si só já é uma boa ideia. Se eu soubesse que lá é o Paraíso latino da comilança, teria até casado antes! É impressionante o quanto se come em terras chilenas… mas acho que estou me adiantando…

No fim do ano passado, eu e minha esposa fomos curtir uma merecida lua-de-mel na capital do Chile. É uma cidade tranquila, com pessoas simpáticas e que tiveram boa vontade com meu portunhol. Na verdade, eu me sentia praticamente um paraguaio tentando vender DVDs piratas na rua da Alfândega. A diferença é que eu era brasileiro, não tinha DVDs, queria comprar ao invés de vender e estava longe do Rio. É… Foi uma comparação bizarríssima, esquece.

Santiago tem vários pontos turísticos interessantes, incluindo museus, Igrejas, construções antigas, áreas de Natureza e, claro, a cordilheira dos Andes. Na verdade, uma leve sombra da cordilheira dos Andes, já que o céu estava tão denso por lá (poluição, segundo me disseram os guias) que mal dava pra enxergar o contorno das montanhas.

Outra característica interessante é que Santiago é um lugar tão tranquilo que até parece a Europa, apesar das pessoas falarem em espanhol (sim, eu sei, foi piada, mas tenho que avisar, né?). Sem contar que não é necessário trocar reais por pesos chilenos pra viajar pra lá: eles aceitam reais numa boa, já que tem brasileiro pra diabo por aqui. Tanto que a troca de guarda no Palácio de La Moneda (sede da presidência) foi ao som de “Aquarela do Brasil” quando estive por lá.

Uma sugestão aos gordinhos que resolverem ir no verão é sempre estarem com muita água. A temperatura não parece ser muito quente porque venta o suficiente pra disfarçar, mas, na prática, o calor te pega quando você nem percebe. Se não estiver preparado, é gordo desidratado caindo pra tudo quanto é lado (até rimou). Um bom protetor solar também ajuda, já que o vento dá a impressão de que o Sol não é forte. Ele é.

No ramo da comilança, porém, os peso-pesados não precisam se preocupar. Tem comida pra dedéu no Chile a preços relativamente módicos. E eles gostam de comer. Tanto que, mais de uma vez, ouvi alertas sobre brasileiros que não davam conta do tanto de comida que um chileno devoraria brincando. Desafio é comigo mesmo!

Minha primeira experiência gastronômica, porém, foi um pouco assustadora. Fomos ao restaurante Aquí Está Coco e, confiante em meu castellano perfecto, peguei o cardápio em espanhol e perguntei ao garçom o que era “ceviche”. Ele disse algo como “queretetê rubitetê” em altíssima velocidade e, pra não dar o braço a torcer, fiz que sim com a cabeça para comer isso, seja lá o que fosse.

Veio um prato com pedaços de peixe cru numa “sopa” de suco de limão. E cheio de pimenta! Era tanta pimenta que, na primeira mordida, fiquei mais vermelho que o chefe do Bob Esponja. Como prometi a mim mesmo que não desistiria de nenhum prato, segui comendo o ceviche (que não estava de todo mal) até terminar. Achei que no dia seguinte eu iria falecer de forma humilhante, mas minhas preces devem ter ajudado a pimenta a se diluir no estômago antes de criar perigo (ainda assim, fiquei horas sentindo como se tivesse chupado 50 Hall’s pretas ao mesmo tempo).

No mesmo restaurante, meu prato seguinte foi um salmão oriental. Foi um dos melhores salmões que eu já comi, mas como não deu nenhum revertério, nem tem graça contar aqui.

Essa experiência, contudo, não foi suficiente para comprovar que os chilenos comem de forma absurda. Fomos, então, encarar um retaurante simples (os melhores lugares para conhecer a comilança real de um lugar): Los Naranjos, em Pomaire, uma cidadezinha a 50 km de Santiago. Olhando o cardápio, bati os olhos imediatamente num “pastel de choclo”, que vim a descobrir ser um dos principais pratos típicos do Chile. Sente a descrição dessa delícia: carne, cebola, frango, passas e ovos cobertos por um gigantesco doce de milho (“pastel” é doce e “choclo” é milho, caso você tenha achado que eu falava de pastel frito de chocolate).

Mas isso era o prato principal. Precisávamos de uma entrada à altura. Foi então que encontrei outro prato típico: A “empanada de horno de 1,5 kg”. Sim! Um quilo e meio de carne, cebola, ovo, azeitona e passas fazendo uma maçaroca bizarra dentro de uma espécie de calzone dos deuses! Sim, eu adorei me empanturrar com a empanada. Eram vários ovos cozidos inteiros dentro dela, ¡caramba!

Pra arrematar, uma costela de porco magnífica (eles adoram porco por lá; você encontra várias opções de cerdo em praticamente qualquer restaurante chileno) e uma porção de batatas fritas (deliciosas!). Uma Fanta laranja pra mim, obrigado.

Quem gosta de frutos do mar também está bem servido. Fomos a um restaurante na costa chilena, a poucos quilômetros de Santiago, onde as lagostas e caranguejos eram maiores que meu estômago (e olha que isso não é pouca coisa!). O caranguejo, por exemplo, era tão grande que conseguia ter mais carne do que um galeto!

Pra finalizar, vale a pena falar dos doces (que, por lá, são chamados de “pasteles”). Coma o quanto aguentar de todas as variedades possíveis. É fundamental fazer isso ou você não merece ser chamado de turista gastronômico. E, se você curtir álcool, uma sugestão é visitar vinícolas como a Concha y Toro. Dá pra experimentar várias tacinhas e, claro, trazer garrafas e mais garrafas pro Brasil a um preço beeem menor do que encontramos por aqui.

Só não sugiro beber “pisco”, a bebida típica chilena. Segundo minha esposa, parece uma cachaça braba, daquelas que só o Mussum consege encarar sem ficar em coma alcoólico só com o cheiro.

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12 respostas para “Gordices em Santiago”

  1. Reinaldo disse:

    Foi o primeiro post do "Gordo de Raiz" que Lí e adorei!

    Tio Lúcio, você é 10 !

  2. @ed_vardo disse:

    Fui a Santiago a um e meio atras, é uma das melhores cidades q ja conhecia acho q só perde pra Floripa na minha opniao de merda. Lá no Chile tive oportunidade de comer os tres maiores fast foods: Burguer King, Mc Donalds e o KFC, achei eles piores do q no Brasil, todo o cardapio é diferente, só mantem os classicos: Big Mac e o Whopper. Vale ressaltar q diferente do Brasil, o BK vende frangos enormes, bem parecido com o KFC. Por lá tive a oportunidade de comer dois dias na LA Lacienda( nem sei se escreve assim, mas a traduçao é "a fazenda" e é isso q importa) melhor carne q ja comi, se eu nao me engano as carnes vem da Argentina mas mesmo assim é muito MUITO bom. Quando eu fui la, conseguia ver todas as montanhas ao redor da cidade, como eu fui no meio do ano isso deve ter colaborado e lá tem muitas empanadas. Cheguei a ir no Concha y Toro achei mto bonito mas meio caro, a diferença pro preço no Brasil nao era grande e lá nao existe vinho doce ou espumante, o Flavio por exemplo nao ia gostar dos vinhos já q sao bem fortes. Abraços

  3. Flávia Santos disse:

    Oi tio Lucio!!

    Me deu vontade de ir pro Chile agora. Muito tri mesmo a tua coluna dessa vez!

    Abração!!

  4. Daigo disse:

    "Outra característica interessante é que Santiago é um lugar tão tranquilo que até parece a Europa, apesar das pessoas falarem em espanhol" – Na verdade, o apesar não era pelo espanhol e sim por ser tranquilo, coisa q a Europa NÃO É! Principalmente na Espanha, onde as pessoas conversam gritando umas com as outras, e não se importam de continuar o mesmo qdo passamos por eles e tudo vai pro teu ouvido. Saudades de lá hahah

    Mas o legal disso tudo é o quanto comemos e o pouco que se paga por estas bandas, nunca estive em outro país na America do Sul, mas ao que me dizem, come-se bem, bebe-se mutio e paga-se pouco.

    Com certeza, Santiago vai entrar pra minha agenda!

    • Lucio Luiz disse:

      Eu me referia a tranquilo no sentido de segurança. Não que a Europa seja perfeita no quesito segurança (nenhum lugar no mundo é 100%), mas das vezes que fui lá tinha uma sensação de tranquilidade que não senti em muitos outros lugares. Mas não esqueça que meu parâmetro é o Rio ;)

  5. Estou pensando em ir com minha Noiva agora em março (apenas 5 dias), como ela nao é muito chegada em carne, acho que o tourgastronomico será mais relax (porem ela adora doce)….

    Gostei muito do post, e queria saber mais algumas dicas de lugares ou me indique onde consigo descobrir os segredos desta cidade.

    valew

  6. Leo Luz disse:

    Eu espero que o TioLucio tenha comido isso DURANTE toda a viagem, já que pareceu que ele comeu tudo NUM DIA só… hahahaahha

    Mas gostei de saber que o Chile é um ótimo país para um tour. Minha sogra foi para Argentina e disse que é impressionante como eles 'valorizam' o real da mesma forma, R$ 1 = 2 pesos.

    Hahahaha

    Abraços!

  7. RodrigoS disse:

    Que massa ein tio Lúcio!

    Muito bom este post…show de buela!

    Sentimos falta de Tí na Campus Party deste ano.

    Abraços.

  8. noob disse:

    gordo só faz gordice

  9. Cara, no Chile nada me marcou mais do que uma monstruosa Chorrillana. Acho que é mais típica de Valparaíso, mas é possível encontrá-la em Santiago também. Um negócio com tanta coisa que faz mal junta não tem como ser ruim! http://www.christiangump.net/viagens/chorrillana-prova-bom-e-quando-faz-mal

  10. […] Crônica originalmente publicada em 3 de fevereiro de 2011 no Papo de Gordo. […]

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