Publicado em 12 de abril de 2011
O jornal britânico Financial Times (FT) publicou uma reportagem bastante detalhada sobre o aumento da obesidade nas classes C, D e E no Brasil e como isso pode estar relacionado com um possível “estímulo à obesidade” por parte de algumas multinacionais.
O aumento do consumo nas classes baixas aumentou no Brasil e foi acompanhado pelo crescimento da obesidade em nosso país. Segundo a reportagem, uma possível explicação seria o fato de que, tendo poder aquisitivo para comprar mais, as pessoas consequentemente passaram a ter mais acesso a produtos “engordativos” (afinal, com pouco dinheiro a prioridade é a alimentação básica, e não as “guloseimas”).
Contudo, o FT analisou vários fatores e afirmou que a opção por alimentos menos saudáveis não teria acontecido de forma “natural”, mas estimulada pelas multinacionais do setor alimentício. Foi apresentado o exemplo da Nestlé, cujo volume de vendas entre as classes baixas no Brasil é de R$ 1,3 bilhão. Isso corresponde a menos de 10% do que a empresa fatura no país, mas como são as vendas que mais cresceram nos últimos anos (o dobro do total nacional e quatro vezes mais que o mundial), a tendência é aumentar a porcentagem.
O médico entrevistado pelo Financial Times, Carlos Monteiro, afirmou que “coisas saudáveis estão sendo substituídas pela Nestlé”, especialmente por causa do lobby feito junto a médicos, nutricionistas e acadêmicos. Ele disse, por exemplo, que já recebeu leite em pó da empresa para distribuir a seus pacientes na época em que era pediatra. Segundo ele, isso poderia acabar influenciando mães jovens a abandonar a amamentação em prol da “facilidade” do produto industrializado.
Monteiro também criticou o sistema de vendas direto da Nestlé, que inclui desde vendas porta-a-porta até “mercados flutuantes” que alcançam comunidades isoladas na Amazônia. Isso tudo, de acordo com o médico, gera um estímulo a substituir os produtos locais ou mais saudáveis pelas opções apresentadas pela Nestlé e as demais empresas que possuem sistemas semelhantes.
A Nestlé se defende afirmando que apenas acompanha a demanda dos consumidores e que sempre busca respeitar as regulamentações locais e oferecer produtos mais saudáveis que os concorrentes. Juliana Lofrese, uma das nutricionistas da empresa entrevistada pela reportagem, exemplifica essa preocupação citando o fato de que, entre outras iniciativas, a Nestlé vem reduzindo no decorrer dos últimos anos a quantidade de açúcar em seus produtos.
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Fonte:
Brazil’s unwanted growth
Não sei porque, não me surpreendo com esta notícia….
Bem, na verdade acho que muita gente lucra com a obesidade no mundo, hoje vi uma reportagem no G1 falando sobre cirurgia bariátrica, a entrevistada era uma jovens de 20 e poucos anos e nem era uma pessoa obesa (com problemas de saúde), e fez uma cirurgia, possivelmente fez particular, pois os convênios médicos colocam alguns critérios para liberar tal procedimento. Agora pergunto: essa moça poderia ter procurado alternativas para emagrecer, mas optou pela cirurgia por ser um "modo mais fácil e rápido", será mesmo? E esse médico que deve ter cobrado horrores dela pelo procedimento, quanto será que ele lucrou? Pense em toda a equipe, o hospital. Não acho certo este estímulo por parte dos médicos, acho até falta de responsabilidade.
Gordices é bom, mas em excesso faz mal. Fato! Acho que a sociedade deveria despertar desta manipulação das grandes indústria e ter mais critérios para se alimentar. Isso está virando um ciclo!
É isso.