Mães Gastroplastizadas – História da Marília

Camila Dias
@diascamila

Publicado em 18 de maio de 2012

Maio é o mês das mães, mês das noivas, mês de Maria,… enfim, Maio é um mês Mil em Um, não é mesmo? Para comemorar esse mês todinho nosso, resolvi trazer testemunhos de mães gordinhas yeah yeah que se submeteram à gastroplastia. O que vocês estão prestes a ler hoje e nas próximas semanas, são vivências reais, algumas simples, outras um pouco mais complicadas, mas o que conta mesmo é o sucesso obtido no quesito estar mais feliz consigo mesma. Parabéns pela luta, meninas! Muito obrigada por compartilharem suas histórias conosco!

Na sessão de hoje, contamos com o relato da  Marília de São Paulo, uma mamãe gestante de 30 anos.

Eu não fui obesa na infância, mas na adolescência tive sobrepeso. Acredito que a origem esteja na genética e nos hábitos sociais/familiares, além da questão psicológica. Meus pais falavam bastante para eu me cuidar, mas, ao mesmo tempo, sempre havia fartura e guloseimas em casa. Eu sempre tentei fazer dieta, mas ficava muito mal humorada, afinal não era justo todos poderem comer o que quiserem e eu não. Quando via o ponteiro da balança baixar, ficava muito feliz mas demorava tanto para os outros verem a diferença que eu acabava desistindo. 

Tomei todos os remédios possíveis para controlar o apetite, fiz todas as dietas (todas mesmo!) comecei e parei de fazer academia várias vezes, porque tinha vergonha de ser uma das únicas gordinhas presentes nesses lugares.

Não fui discriminada na escola, fazia amigas com facilidade até porque era uma pessoa agradável e também porque gostava de esportes. Mas em relação aos meninos, aí era outra história. Eles se tornavam meus amigos, mas para paquerar, era mais difícil. Foi apenas em uma parte do colegial, quando emagreci, que fiquei mais “saidinha”.  Durante o verão, eu não deixava de ir à praia e piscina, sempre adorei! Mas era uma tortura na hora a de tirar a toalha perto dos amigos magrinhos…

Na adolescência, houve uma época que  eu emagreci um pouco e isso me despertou para namorar. Saí bastante com as amigas e conheci alguns carinhas bacanas. Mais tarde, aos 18 anos, comecei a namorar sério. Devagar, fui relaxando e acabei engordando novamente. Consegui estabilizar o peso por um tempo com mil e uma dietas, porém, meu peso voltou a disparar algum tempo depois. Casei aos 24 anos com quase 100 quilos, meu marido gostava muito de mim. Tive sorte nisso! Ele dizia que não ligava, só que para mim, o sobrepeso era uma tortura. Me sentia super mal, derrotada. A vida sexual até que era boa, mas sempre de luz apagada…
Quanto à roupas, sempre evitei comprar em lojas especializadas. Nas lojas de departamento tinha de comprar os modelos GG e XG, que muitas vezes não eram tão bonitos. Por isso, várias vezes tive de desistir da roupa que queria por não ter no meu tamanho. Sonhava em usar uma calça jeans sem elástico! 

No ambiente profissional, sempre fui bastante respeitada, porque era boa no que fazia e muito dedicada. O impacto era apenas no relacionamento com as pessoas de fora. A gordura me deixava um pouco mais tímida e eu demorava para me soltar.

Lia sobre a gastroplastia em revistas e via pela televisão, mas achava uma medida muito extrema. O contato mais forte veio quando uma pessoa bem próxima fez a cirurgia, mas houve uma complicação e ela acabou falecendo. Se já não achava bom, depois disso, peguei trauma.

Só que eu não parava de engordar e não aguentava mais aquilo.

Então, fui a um médico cuja clínica era muito reconhecida para saber mais sobre aquele procedimento do balão intragástrico, que não necessita de cirurgia, pois achava que era uma medida menos extrema. Note que eu sempre me vi como gorda, mas nunca obesa. Aí, veio o choque de realidade: o doutor me disse que, aos 110 quilos, eu era obesa grau 2 e que o método do balão não funcionaria no meu caso como uma medida definitiva. Isto é, eu emagreceria durante os 6 meses em que o balão estaria no estômago, mas, ao tirar, engordaria novamente. Foi um horror ouvir isso. . .

Porque o balão intragástrico não era uma opção para mim, o médico me sugeriu a gastroplastia. Contei da perda de uma pessoa querida por causa dessa cirurgia e que isso era trauma tanto para mim como para minha família. Mas o doutor foi bastante atencioso, me explicou todos os métodos, todos os riscos e disse que eu deveria pensar. Foi o que fiz e depois voltei na clínica com minha mãe. A decisão foi muito difícil, mas, decidida, procurei fazer do jeito certo: procurei um excelente e experiente médico (o que é muito importante, porque existem aventureiros), fiz um tratamento de meses antes de operar (incluindo nutricionista, palestras, tratamento psicológico e vários exames), operei em um bom hospital com ótima equipe e segui as regras direitinho após a operação. Não podemos esquecer que a gastroplastia tem um índice de mortalidade de 0,3 a 0,5% e ainda podem existir muitas complicações, então, tem que fazer tudo direitinho para dar certo!

Os primeiros dias logo após a cirurgia foram um pouco mais difíceis, fiquei bastante inchada. Era meio chato tomar apenas sopa coada, mas eu me sentia satisfeita com pouca quantidade de alimento. Minhas dicas são: Tem que aguentar e fazer tudo certo. Depois do primeiro mês, a vida melhora muito, mas não pode relaxar totalmente! Tem que se alimentar bem, comer coisas bacanas. A gente sente que comeu bastante mesmo tendo comido pouco, então o segredo é não comer tantas porcarias e ir atrás de movimentar o corpo, nem se seja apenas uma caminhada leve diária.

Hoje faz quase 4 anos que operei, no dia da cirurgia pesava 113 quilos. Um ano e meio depois, estava  com cerca de 50 quilos a menos. Fiquei bastante tempo oscilando entre 63 e 65 quilos. Pouco antes de engravidar, estava com 66 ou 67 quilos.   E agora, grávida, obviamente os cuidados são maiores. Mas me sinto muito bem. Estou com 7 meses (nasce em julho!) e só engordei 6 quilos na gravidez, um índice muito bom.

Quando engravidei, já havia 3 anos que tinha feito a cirurgia. Antes, quando eu era gordinha e, depois, quando me tornei obesa, tinha níveis hormonais bem afetados e a menstruação era muito irregular. Cheguei a ficar mais um ano sem menstruar, todos os ginecologistas afirmam que a obesidade atrapalha muito a fertilidade. Muito dificilmente teria engravidado antes de emagrecer. Sem contar que, mesmo se eu tivesse engravidado, teria tido muito mais problemas. Não é aconselhável engravidar até 2 anos após a cirurgia e, mesmo hoje, quando já se passaram 3 anos e meio da minha operação, tenho que ter alguns cuidados, por exemplo, tomar vitaminas para não ficar com a nutrição irregular.

Hoje me sinto muito bem! Emagrecer e ter saúde, disposição, qualidade de vida! Melhorei muito em todos os quesitos e sou muito mais feliz hoje, com certeza!

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2 respostas para “Mães Gastroplastizadas – História da Marília”

  1. […] mês das festas juninas com esse tema. Se você perdeu os outros relatos, não fique triste, clique aqui, aqui e aqui e saiba tudo que rolou sobre histórias verídicas de redução de […]

  2. […] Olá, amigos leitores! Fiquei bastante tempo sumida por aqui, não é? Vou explicar porque agora mesmo. Esse ano, os ups and downs foram uma explosão de sentimentos, bons e ruins. Na semana da Campus Party, Dudu veio pra São Paulo e acabou por vir morar aqui e, por quatro meses, morou na minha casa. Estive pela primeira vez na Campus Party, conheci pessoas que só faziam parte da minha vida online. Participei pela segunda vez do Tour Gastronômico do PdG, fui uma das cento e oito pessoas que andaram pela Av. Paulista à procura das comidinhas perfeitas! Fiz a primeira festa de aniversário na escola do Max. Um casal de amigos-irmãos se acidentou de moto e eu nunca rezei tanto na minha vida para que eles ficassem zerados de novo! Comprei (parcelado em mil prestações) meu primeiro carro. No mês de maio, em honra à todas as mamães Plus Size, postei entrevistas com cinco mães gastroplastizadas aqui na coluna. […]

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