Publicado em 01 de setembro de 2017
Um estudo publicado na última terça-feira (29/8) pela Revista Lancet coloca uma nova luz sobre o consumo de carboidratos e gorduras e seus riscos à saúde. O incentivo partiu do fato de que as diretrizes atuais são baseadas principalmente em pesquisas feitas apenas em populações europeias e norte americanas.
Sendo assim, realizou-se um modelo chamado de PURE (Prospective Urban Rural Epidemiology) que avaliou 135.335 pessoas entre 35 e 70 anos de idade em 18 países por 10 anos (2003 a 2013). Seu principal objetivo era investigar a relação da dieta com riscos de mortalidade total, mortalidade por doenças cardiovasculares, mortalidade por fatores não cardiovasculares, além de infarto, AVC e falência cardíaca.
A pesquisa
A análise dos resultados revelou que o consumo excessivo de carboidratos está relacionado ao maior risco de mortalidade total (independente da causa). Já as gorduras totais e suas variações (saturadas, monoinsaturadas e poliinsaturadas) estão relacionadas a um menor risco de mortalidade total e não apresentaram associação significativa com infarto do miocárdio ou mortalidade por doença cardiovascular. Além disso, o consumo de gorduras saturadas foi associado a um menor risco de AVC.
Outra análise do mesmo estudo confirmou algo que aprendemos desde criança: o consumo de frutas, verduras (principalmente cruas) e legumes foram associados com menor risco de mortalidade total e mortalidade não-cardiovascular. No entanto, o estudo revela que bastam 3 a 4 porções diárias (375 a 500g/dia) para se alcançar o benefício máximo.
Resultados
Algumas conclusões que tiramos desse estudo são:
Muitas análises ainda deverão surgir dos dados fornecidos por esse que foi um dos estudos mais extensos e completos em se tratando de epidemiologia. Alguns nutricionistas, por exemplo, estão questionando a forma como os resultados foram interpretados. Dizem que não é o aumento do consumo de gorduras que trazem os benefícios apontados pela pesquisa e sim a menor porcentagem de carboidratos na dieta (quem come um percentual de gordura maior é porque come um de carboidratos menor). Ainda assim, os pesquisadores se anteciparam e concluíram seu trabalho dizendo que “as orientações dietéticas globais devem ser reconsideradas à luz desses achados”.
Bom, esse foi um estudo que acho que gerará outros, além de estimular o debate, o que é sempre interessante. Talvez novos estudos utilizando valores absolutos, em vez do percentual, consigam destrinchar melhor esses dados e direcionar as novas condutas dietéticas.
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