Uma delícia de jantar… no escuro!
Publicado em 04 de setembro de 2010
Raramente paramos para prestar atenção em nossos cinco sentidos. Macio ou áspero, amargo ou azedo, agudo ou grave, herbal ou frutado, claro ou escuro… são sensações que vivenciamos no dia a dia, porém não em suas intensidades máximas.
Há pouco tempo escrevi na cobertura do Rangocamp que tive uma das melhores experiências sensoriais da minha vida: comer de olhos vendados. A convite de Maria e Elisa, do Ateliê no Escuro, participei do Jantar no Escuro, uma refeição completa sem enxergar absolutamente nada. Este post é o relato de uma pessoa que mudou completamente a forma de “ver” a comida:
Acompanhado da querida nova amiga Paula Labaki, chegamos ao restaurante Consagrado, em São Paulo. Ao passarmos pela porta do estabelecimento, um lounge com sofás e cadeiras acomodava os convidados. Impedindo a visão do salão, um pano preto fazia as vezes de cortina.
As anfitriãs, que são psicólogas e se inspiraram num jantar semelhante que participaram em Paris, explicaram que o silêncio era fator importante para o máximo aproveitamento da experiência. Por isso, pediram que fossem desligados os celulares e sugeriram não utilizar os talheres. A ideia de comer com as mãos fez as sobrancelhas de muitos levantarem em espanto. Eu já sabia que isso seria recomendado e fiquei empolgado.
Após os garçons nos guiarem até a mesa, já de olhos vendados, foi nos mostrado onde estavam os talheres (caso resolvêssemos usá-los), além dos copos para água e vinho. Após um brinde às cegas, que milagrosamente não derrubou uma gota sequer, teve início o jantar.
O primeiro prato foi uma salada que comi integralmente com as mãos. A sensação das folhas com o tempero nos meus dedos passou de estranha para prazerosa assim que dei a primeira bocada. Alface e rúcula foram identificadas, assim como o figo e o tomate cereja, radichio e frisê foram revelados depois. Após lamber os dedos, foi colocada uma tigelinha com uma lavande limão e uma toalha para limpar a lambança.
A salada foi seguida de ravioli de mortadela, mais difícil de comer com as mãos. A massa estava al dente, o que facilitou um pouco… mas manter o molho longe da camisa foi um desafio!
E por falar no molho, era um limone com algo que eu achei ser ricota. Mas descobri que era queijo coalho e estava perfeito. Como não consegui pegar o resto do molho com os dedos… usei o talher.
O prato seguinte, com uma carne que não consegui identificar (era pato assado), foi mais fácil de comer. O molho de frutas vermelhas (pensei que fosse laranja) caiu muito bem com o fricassê de batata e fundo de alcachofra (Paula, excelente chef, conseguiu identificar).
Por fim a sobremesa: cheesecake com massa de Negresco (maravilhosa), frutas picadas e calda de chocolate. Diga-se de passagem, foi trabalhoso também para comer com as mãos. Delicioso!
Foi nesse momento que resolvi fazer algo que não posso fazer numa refeição comum. Segurando o prato com as duas mãos lambi a calda de chocolate todinha. Não sei se os garçons e as idealizadoras do projeto viram isso, caso alguém veja uma foto ou vídeo na internet com a cena bizarra, por favor, avisem.
Passei o jantar inteiro conversando com Paula sobre minha vida, trabalho, sobre o Papo de Gordo etc. – em tom baixo, mas audível. Quando pediram para tirarmos as vendas, veio o susto: não tínhamos ideia de que havia mais duas pessoas na mesa conosco! Um economista e um jornalista que não se conheciam e ficaram calados o tempo todo. Ainda bem que não falamos nenhuma besteira. Demos muita risada da situação.
O jantar terminou com a apresentação de uma flautista (que percorreu o salão) e uma pianista, além da chef que mostrou os pratos servidos. Nesse momento outra surpresa: a quantidade de comida servida não é muita, mas saímos de lá como se tivéssemos feito um banquete. Ótima maneira de reduzir peso. Basta abrir a boca e fechar os olhos… durante uma hora.
Eduardo,
Achei sensacional a idéia e a narrativa da vivência.
Só gostaria de ter uma idéia do preço da aventura. Tem idéia?
Abraços
Olá Ju, o preço varia de acordo com o restaurante onde é feito o jantar. Mas fica entre R$100 e R$150, com a opção de vinho incluso.
Vale muito à pena.
Nossa Du, que experiencia incrivelll!!! Adorei a matéria. Eu ja tinha visto esses tipos de restaurante , But just in movies..LOL Não imaginava q ja existia aki em Sampa… Pretty cool .. I migth go someday
bjs
Du,
Matéria incrível, conseguiu demonstrar a exata sensação desta experiência, no mínimo muito rica…
Bjs
Ai, tava ansiosa por esse post!
Adorei, parabéns!
Pergunta: Você pode avisar antes de jantar se tem alguma restrição alimentar??? Tipo, e se alguém for alérgico à algum ingrediente, como faz???
Oi Edu,
Que bacana ver o seu post! Foi um prazer recebê-lo! Esperamos continuar trocando!
Um abraço da equipe do Ateliê! http://www.noescurogastronomia.com.br
Oi Mi, no momento da reserva é perguntado se o cliente tem alguma restrição alimentar, seja por motivos de saúde, como alergia ou intolerância… por motivos de paladar, você não e obrigada a comer jiló se não gostar ou por ideologia, se for vegetariana o cardápio é adaptado à sua dieta.
[…] Os cinco sentidos do feto Uma delícia de jantar… no escuro! […]