Publicado em 27 de fevereiro de 2013
No final de 2010, o Papo de Gordo apresentou uma lista dos 50 maiores gordos dos quadrinhos. Agora, aproveitamos a desculpa esfarrapada de um “episódio extra” dos posts especiais sobre os personagens para homenagear uma famosa gordinha dos gibis que está fazendo 50 anos: a dentucinha Mônica!
Não que a Mônica tenha ficado bem colocada na lista (foi a 23ª), mas no texto que escrevi na época, expliquei que o problema era apenas uma certa falta de “gordice” na personagem atualmente. Afinal, além de não ser mais exatamente gordinha (afinal, ela tem o mesmo “formato” das outras crianças), a comilona da turma é a Magali, oras.
Ainda assim, embora seja golducha só na hora de ser xingada, a Mônica merece uma homenagem do Papo de Gordo, já que é uma das mais importantes personagens do quadrinho nacional (e eu sou fã, então não perturbe porque vou falar dela de qualquer jeito). Nada mal para quem começou como uma simples coadjuvante do Cebolinha no distante 3 de março de 1963 (já lhe dando uma coelhada).
Tudo começou, na verdade, alguns anos antes, mais precisamente em 1959, quando Mauricio de Sousa (para os marcianos que estejam lendo esse texto, ele é o criador da turma da Mônica) publicava as tirinhas do cachorrinho Bidu e seu dono Franjinha. Nessas tiras, surgiu um personagem chamado Cebolinha, que falava elado e tinha apenas cinco fios de cabelo (na verdade, naquela época, eram uns nove ou dez fios, mas depois a calvície foi ficando mais forte, coitado). Ele passou a estrelar sua própria tira, na qual surgiu uma personagem baixinha, gorducha e carrancuda chamada Mônica.
No começo, Mônica tinha uma personalidade “unidimensional” (como é bastante comum com coadjuvantes de tiras cômicas diárias, cujo único propósito é servir de “escada” para as piadas). Ela se resumia em ser uma menina absurdamente forte e muito mal-humorada. Sabe-se lá como, acabou caindo nas graças dos leitores a ponto de ser a titular do primeiro gibi “duradouro” do Mauricio em 1970, lançado pela editora Abril (em 1960, o Bidu chegou a ter um gibi próprio, mas só durou dois anos).
A partir daí, a fama da Mônica foi só aumentando. O gibi trocou de editora duas vezes (foi para a Globo e, atualmente, está na Panini – por sinal, somando todas as editoras, a revista já passou das 500 edições), teve dezenas de especiais, gibizinhos, gibizões, almanaques, desenhos animados, peças de teatro, discos, jogos de videogame, etc., etc., etc… Atualmente, Mônica é uma das personagens mais conhecidas e queridas do público brasileiro.
Quanto às suas características de “baixinha, gorducha e dentuça”, isso continua fazendo parte do bullying clássico do Cebolinha e dos outros garotos, mas já não faz tanto sentido quanto antes. Nas décadas passadas, quando eu era criança (me senti velho agora), era relativamente comum haver piadas ou gags visuais sobre o fato da Mônica estar acima do peso (por exemplo, ela desistindo de perseguir o Cebolinha porque teria que passar por um fino tronco de madeira sobre uma ribanceira – algo que é relativamente comum de se encontrar nas ruas de São Paulo, creio eu), mas hoje em dia o mais comum é a garota simplesmente ignorar as ofensas (ou dar logo uma coelhada e não tocar mais no assunto).
Mas esse assunto ainda aparece de vez em quando com certo destaque nos dias de hoje. Houve, por exemplo, uma história recente em que a Mônica passava por uma espécie de “crise existencial”, preocupada em realmente se tornar obesa no futuro (essa capa aí do lado). Não deixou de ser uma abordagem interessante, dentro dos limites de um gibi infantil (que não tem como ser muito “profundo” nessas questões).
Contudo, quando falamos na Turma da Mônica Jovem, o papo muda. Mônica está magrinha e bem gatinha. Ainda conta com dentinhos saltados e cabelos que parecem bananas (mas trabalhados na chapinha), porém está bem longe de poder ser chamada de golducha (só o namorado da Magali, Quinzinho, que era gordinho na infância e continuou bem pançudo na versão jovem). Isso não significa que o tema obesidade não seja apresentado no gibi, só que são utilizados novos personagens para isso. Um bom exemplo é a edição 33 da revista, que já ganhou uma resenha no Papo de Gordo (para não me repetir, clique aqui e leia).
Vale registrar que agora a Turma da Mônica vai ter também uma versão adulta, na qual a querida dentuça provavelmente continuará esbelta. Mas, considerando que em algumas histórias dos especiais MSP 50 (gibis que trouxeram, literalmente, centenas de quadrinistas brasileiros reinventando os personagens do Mauricio), há versões da turminha em idade adulta, com a Mônica sendo uma gordinha bem convincente, há uma certa esperança dela estar pelo menos um pouquinho acima do peso nessa nova roupagem (o que, creio eu, a deixaria mais crível como personagem nesse contexto).
Independente de qualquer coisa, não se pode negar que a Mônica é uma das principais personagens de quadrinhos do Brasil e merece, sim, ter seu nome entre os maiores gordos das HQs. Mesmo que a gente já saiba que ela entra numa dieta muito rígida depois dos oito anos.
Então, feliz aniversário Mônica!
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