Publicado em 18 de fevereiro de 2008
No dia em que a nutricionista me passou a nova dieta, rolou o seguinte diálogo:
– A partir de hoje quero que vocês comam, a cada refeição, no mínimo três colheres de proteína. Pode ser carne moída, frango ou peixe desfiados.
– No mínimo três? E no máximo? – perguntei.
– O quanto você aguentar.
– A senhora acaba de me fazer um gordo muito feliz! – respondi empolgado.
Em um post anterior, pré-cirurgia, comentei que não aceitaria desenvolver intolerância a carnes. Como ser carnívoro que sou, não consigo me imaginar vivendo sem comer um bom churrasco de vez em quando. Desde que a nutricionista liberou carne moída, tenho comido sistematicamente e diariamente para acostumar o meu corpo ao fato de que não vou abrir mão disso. Mas as vezes eu acabo exagerando.
Há alguns dias atrás, cheguei em casa à noite com fome. Peguei quatro colheres de carne moída, misturei com alguns pedacinhos de queijo ricota (também liberado pela Dra. Liliana) e sentei em frente a TV para assistir ao Big Brother. A cada colherada de carne que engolia, tinha a impressão que havia acabado de comer um boi. Então eu parava um pouquinho, esperava o estômago esvaziar e comia mais um pouco.
Por diversas vezes olhei para o prato e me perguntei porque coloquei tanta comida, mas me recusava a parar ou a jogar fora. Só lembrava das lições que aprendi em casa desde criança: “Se botou no prato, vai ter de comer!” O Big Brother chegou ao fim, mas meu prato não estava nem na metade ainda. Mudei de canal e continuei comendo devagar e vendo TV. Mastigava tanto a carne que ela parecia virar farinha em minha boca antes de engolir.
Depois de uma hora e meia, finalmente comi a última colherada e acabei meu jantar. Não me senti mal em momento algum, nem mesmo tive problemas para dormir. Nos dias seguintes continuei me forçando a comer carne e, me orgulho em dizer, que tenho conseguido.
É evidente que a digestão da carne demora um pouco mais do que o de outros alimentos, mas quem se importa? Eu não tô com pressa mesmo…
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