Publicado em 02 de setembro de 2010
Gordo, preguiçoso, sacana, comilão… e um gato. Literalmente, por sinal. Garfield foi eleito como o 5º maior gordo dos quadrinhos na eleição que o Papo de Gordo promoveu para escolher os 50 maiores gordos das HQs.
Sua trajetória começou em 19 de junho de 1978, quando foi publicada pela primeira vez uma tirinha que trazia um magrelo cabeçudo e um gato mais gordo que um porco pronto pra abate (se você só conhece o Garfield das tirinhas recentes, saiba que ele até parece magro diante do que era no começo). O autor, Jim Davis, pretendia contar histórias engraçadas sobre a vida de Jon Arbuckle, um cartunista idiota com sérios problemas com as mulheres, e Garfield, seu gato que só pensa em comida. Logo na tirinha de estreia, depois que Jon fala ao leitor que eles estão lá para divertir as pessoas, Garfield pensa imediatamente “Me alimente”.
A tônica das piadas, desde o início, foi voltada para a gula de Garfield. Seu barrigão também ganhava destaque, especialmente num arco de tirinhas em que ele não conseguia mais colocar os pés no chão porque a pança impedia. Com o tempo, o traço de Jim Davis foi melhorando e o personagem também ganhou novas características e coadjuvantes, passando a brincar com diversos outros aspectos e a dar foco para outros personagens de vez em quando (em especial Jon e sua dificuldade para arrumar uma namorada).
Apesar de tudo, a essência de Garfield continua até hoje girando em torno da barriga (com e sem trocadilhos). Os períodos em que ele está em dieta forçada, por exemplo, refletem bem as angústias de todo mundo que precisa emagrecer (uma das suas frases clássicas é “Comer é social, mas quando você faz dieta, faz sozinho”). Além disso, suas formas criativas de surrupiar a comida alheia sao inspiradoras. Não que alguém pretenda um dia comer um frango de dentro pra fora, claro.
Se hoje em dia vemos “Garfields” pendurados nos carros, fazendo as vezes de relógios e em dezenas de cadernos por aí, devemos agradecer à visão de Jim Davis, que desde o início quis criar um personagem que fosse fácil de “vender”. Mesmo assim, provavelmente ele não tinha ideia do sucesso que o gato laranja acabaria fazendo. Já em 1981, com apenas três anos de existência, Garfield era publicado em 850 jornais e acumulava mais de 15 milhões de dólares em merchandising! O montante de dinheiro que gira em torno do gordinho é tão grande que Jim Davis atualmente só escreve os roteiros e faz rascunhos para as tiras, que são desenhadas e finalizadas por outros artistas. Isso para ter mais tempo para cuidar da marca “Garfield”.
Diante disso tudo, podemos considerar que Garfield é um dos mais bem sucedidos gordinhos dos quadrinhos. Seu único problema (não que isso seja realmente um problema) é que todas as tentativas de levar suas histórias para outras mídias não foram muito bem sucedidas. Com exceção do desenho animado Garfield e seus amigos (que contava com histórias curtas e era bem divertido), suas animações em longa-metragem e, principalmente, seus filmes live-action não conseguiram manter a magia das tirinhas.
Isso é fácil de entender: Garfield não é um personagem de ação. Seu charme consiste exatamente no humor rápido proporcionado pelo formato das tiras diárias. Transformar isso em um longa de 1h30 pode gerar duas coisas: uma “costura” forçada de várias tirinhas curtas ou uma mudanca de personalidade para se adequar a uma história movimentada. Contudo, como o que atrai as pessoas é exatamente sei jeito de ser, mexer no personagem apenas pra justificar um filme soa como uma tentativa de ganhar ainda mais dinheiro com marketing e merchandisign. Bom… E quem pode culpar Jim Davis por agir assim, não é?
Apesar de tudo, ainda tem quem não goste muito do gato comilão, preferindo se focar nos coadjuvantes. Isso foi levado às últimas consequências com o site Garfield minus Garfield, no qual Dan Walsh resolveu pegar várias tirinhas em que o gordinho contracenava com Jon e literalmente apagar o gato delas para mostrar “a angústia existencial de um certo jovem, o Sr. Jon Arbuckle; uma viagem profunda na mente de um homem comum lutando uma batalha perdida contra a solidão e a depressão num tranquilo subúrbio norte-americano”. Por incrível que pareça o resultado é divertidíssimo, tanto que o próprio Jim Davis elogiou o site, cujas tiras alteradas foram publicadas em um livro pela mesma editora que publica as coletâneas de Garfield.
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Para conhecer melhor o personagem:
Garfield em grande forma (as primeiras tirinhas de Garfield em ordem cronológica) |
Garfield e seus amigos (Box com o desenho animado de Garfield em três DVDs) |
Garfield older & wider (uma boa coletânea de tirinhas em inglês, para quem prefere ler no original) |
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Meeu Deus, eu sou Garfieldiana de carteirinha, tudo bem, não sou louca por lasanha, sou louca por pastel de feira e coxinha, mas de resto sou igualzinha… heheh