Reality shows

Nós, seres humanos, não passamos de um bando de fofoqueiros. Os primeiros reality shows passavam na janela das velhinhas que passavam o dia a bisbilhotar os vizinhos, criar intrigas e participar de forma interativa dos acontecimentos sem nem precisar ligar para um 0300 e discar 1.

Não se admira que programas que pretensamente mostram a realidade de seres humanos problemáticos sejam sucesso na TV desde os anos 1940. Afinal, foi em 1948 que surgiu o Allen Funt’s Candid Camera, o primeiro programa de câmera escondida da história.

Durante as décadas, dezenas de programas semelhantes surgiram, mas aquilo que hoje chamamos de reality television ou, em português, reality show teve seu conceito firmado com o programa COPS, que acompanhava o dia a dia de policiais norte-americanos.

Porém, o primeiro programa a colocar estranhos vivendo forçadamente juntos foi o holandês Nummer 28 (ou seja lá como seja 28 em holandês), que reuniu em 1991 sete estudantes estrangeiros em Amsterdã cujas vidas foram acompanhadas por câmeras. Esse estilo foi copiado pela MTV no ano reguinte com o The Real World.

O sucesso global, porém, veio com as séries Survivor (nosso “No Limite”) e Big Brother (nosso “Big Brother”) no final do último milênio. O que deixa dúvidas sobre se as profecias de fim do mundo não estariam corretas.

De lá pra cá a criatividade foi ladeira acima e abaixo, com pérolas como I Want A Famous Face (onde a pessoa passava por várias cirurgias plásticas até ficar igual a alguém famoso), Boys Will be Girls (com ex-integrantes de boy bands tendo que montar uma banda pop feminina) e God or the Girl (onde seminaristas foram submetidos a tentações para testar sua fé e decidir se virariam padres mesmo).

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Momento cultural originalmente apresentado no Papo de Gordo 54 (Gordos nos reality shows)